tag:blogger.com,1999:blog-196278262024-03-08T02:57:02.974+00:00AtlasEste é o meu Atlas.O meu Atlas Deus que carrega o meu mundo. O meu Atlas que sofre por sonhos. O meu Atlas que, mesmo sofrendo por vezes, é feliz por sonhar.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.comBlogger221125tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-80429994962191826942015-06-16T20:56:00.000+01:002015-08-03T15:17:11.748+01:00Definições XIRealidade: local imaginário onde poderíamos ser tudo o que não nos é permitido ser hoje.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-16486010765468895352015-06-12T19:59:00.003+01:002015-08-03T15:17:05.154+01:00Definições XSilêncio: tudo aquilo que se diz durante um abraço sem que seja necessário proferir qualquer palavra.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-63403346289943869982011-12-11T23:38:00.010+00:002015-08-03T15:16:56.972+01:00Um diálogo que nunca existiu<span style="font-weight: bold;">- Espera!</span><br />
- ...<br />
<span style="font-weight: bold;">- Espera por mim!</span><br />
- O que queres?<br />
<span style="font-weight: bold;">- Quero falar contigo.</span><br />
- Falar? Comigo? Tens a certeza? Falar sobre o quê?<br />
<span style="font-weight: bold;">- Não sei. Mas sei que quero falar contigo. Que preciso de falar contigo.</span> <span style="font-weight: bold;">Preciso de te ouvir</span>.<br />
- E o que queres que faça se nem tu sabes o que me queres dizer?<br />
<span style="font-weight: bold;">- Quero perceber porque é que estamos assim. Porque é que estamos assim sem estarmos de maneira nenhuma. Principalmente porque já fomos capazes de muito mais e melhor do que isto.</span><br />
- Não te lembras?<br />
<span style="font-weight: bold;">- Foi tanta coisa e há tanto tempo. Parece que há razões que o tempo não resolve mas às quais dá uma névoa que confunde o que a nossa racionalidade deveria clarear.</span><br />
- Talvez seja verdade... Mas para mim não chega. O tempo para mim não apaga, não desvanece, não eclipsa, não obscura. Para mim o tempo carrega fundo o que não se resolveu. Marca e vinca o que ficou a meio caminho. Fere e magoa mais com o assentar da poeira após todas as nossas lutas.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Mas como queres que eu possa tentar resolver algo que não sei que aconteceu?</span><br />
- O nosso problema é esse. É não saberes o que aconteceu (ou talvez saberes e não dares a devida importância). E é eu não tolerar essa tua ignorância e leviandade nas tuas acções.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Serve pedir desculpa?</span><br />
- Desculpa de quê?<br />
<span style="font-weight: bold;">- Não sei.</span><br />
- Então de que serve pedires desculpa? Que queres que eu te desculpe? Que queres que eu te perdoe?<br />
<span style="font-weight: bold;">- ...</span><br />
- ...<br />
<span style="font-weight: bold;">- Porque é que ainda me incomodas desta maneira?</span> <span style="font-weight: bold;">Porque é que partilhar um espaço físico contigo, por maior que seja, ainda me perturba e me condiciona? Porque é que, mesmo inconscientemente, te olho sem perceber, te oiço sem querer? Porque raio me rio do teu sentido de humor, quando só me apetece gritar-te sem nexo toda a raiva e incompreensão que guardo?</span><br />
- Simplesmente porque tu me fazes exactamente o mesmo. Ou achavas que eras só tu a quem os sentidos se focavam inexplicavelmente em quem tu não querias? Era tão mais fácil para todos se nos fôssemos indiferentes, não era? Se não tivéssemos passado o tempo que passámos, se não tivéssemos falado o que falámos, se não tivéssemos sentido o que sentimos.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Arrependes-te?</span><br />
- Muitas vezes. Talvez tantas como as vezes em que tenho a certeza que tinha feito o mesmo sabendo o que sei hoje. Mas continuam a ser mais as vezes em que me arrependo. Porque fazes questão de extremar os extremos agora existentes e por ambos criados.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Que querias que eu fizesse? Que me limitasse a ficar e ver o mundo desabar-me aos pés? Tu sabes melhor que poucos que eu já pouco mundo tenho. Viste-me perder apoios e suportes. Viste-me cambalear e até cair. Eu pouco tenho para além do que vês que tenho. Não me podia dar ao luxo de perder mais do que perdi quando te larguei.</span><span style="font-weight: bold;"></span><br />
- E que culpa tenho eu?! Tu não tinhas que mentir e virar histórias do avesso. Não tinhas que deturpar realidades e vendê-las publicamente como falsidades que sempre foram. Não tinhas que recrutar companhia de forma tão vil e descabida só por teres medo de te veres só. Não precisavas de o fazer. E muito menos pelos meios que o fizeste. Serve-te que te sirvam por revelares essa faceta tão falsa? Os outros só gostam dessa pessoa que mostras e não da que escondes com medo e por insegurança.<br />
<span style="font-weight: bold;">- ... Desculpa-me!</span><br />
- Não. E tu não precisas que eu te explique pois percebes bem porquê. Mesmo sabendo que tentaste emendar algumas coisas pelo caminho. Não posso. Não devo. Não quero. Mesmo não esquecendo o nosso passado e tentando não me lembrar do nosso presente, não és alguém que eu queira carregar para o futuro.<br />
- <span style="font-weight: bold;">Mas ...</span><br />
- Mas tu mudaste. Onde estão os princípios moralistas pelos quais te dizias reger e pelos quais julgavas quem te rodeia? Eu já me apercebi do que andas a tentar fazer. Apercebi-me eu e todos os outros. Todos sabem. Todos o observaram. Mesmo depois de sofreres tamanha mutação, julgava-te mais competente no assumir de papéis que disfarçam a tua verdadeira essência.<br />
<span style="font-weight: bold;">- O que queres dizer com todo esse palavreado caro?</span> <span style="font-weight: bold;">O que estás a insinuar com tamanhas figuras de estilo? Fala logo de uma vez o que escondes por trás dessa tua pseudo-eloquência!</span><br />
- Queres mesmo que te diga? Ou estás só a tentar passar algum desentendimento bacoco? Sei quem buscas. Sei o caminho que ousas percorrer para lá chegar. E sei quem vais pisar para atingires o que queres. Inteligência não te falta quando defines objectivos e é nítido o rumo que te traçaste. Mas digo-te que por aí vais perder. Vais-te perder. Vais perder ainda mais os poucos escrúpulos que ainda tens. E vais obrigar outros a seguir-te o caminho, tal não foi a forma a que a eles te grudaste. E no fim vais dizer que foi o destino.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Que queres que te diga? Que tudo isso é mentira? Se calhar era melhor para ti que fosse. Mas para quê negar o que, pelos vistos, já ambos sabemos ser verdade? Sim, tens razão em tudo o que disseste. Sim, tens razão em tudo o que sabes de mim. Eu quero. Quero muito. Muito mesmo. Mas que problema há nisso?</span><br />
- Nenhum. Para mim não há nenhum. A tua liberdade termina onde começam os meus limites e há muito que ela vive bem para lá daquilo que possa alguma vez definir orientações do que eu sou. Mas por certo haverá quem tenha objecções. Pelo menos quando saírem do estado de entorpecimento nos quais os conseguiste colocar. Vais implodir de mágoa tantas pessoas que não conseguirás sair por cima. Sabes bem que os contos de fadas não duram para sempre. Os teus contos de fadas não duram para sempre. E quando não durarem mais, também tu deixarás de durar. Pelo menos nessa fantasia de existência que fazes crer existir.<br />
<span style="font-weight: bold;">- ...</span><br />
- ...<br />
<span style="font-weight: bold;">- Não vás! Não me vires assim as costas!</span>- ...<span style="font-weight: bold;"><br />- Quando isso acontecer, vais-me ajudar? Quando não tiver ninguém, voltas a dar-me a mão?</span><br />
- Não vou rejubilar de alegria porque ver-te vergar não me dá prazer. Mas não esperes que lágrimas secas me rolem pela face em esforço.<br />
<span style="font-weight: bold;">- Mas vais-me ajudar?</span><br />
- Não.<br />
<span style="font-weight: bold;">- E se eu te disser que ainda gosto de ti? Como te disse que gostava. Que tenho orgulho em tudo o que partilhámos, por mais insignificante que agora possa parecer. E que sinto a tua falta naquelas noites escuras em que a solidão me faz companhia e onde a luz dos nossos diálogos me alumiava os sonhos. Sabendo isso, vais-me ajudar?</span><br />
- Não. Só porque já não gosto de ti como te disse que gostava. Porque não me posso orgulhar de nada daquilo em que te reconfiguraste. Apesar de sentir a tua falta. Ou a falta de quem conheci num tempo e lugar que hoje me custa vislumbrar. Só porque não gosto de ter gostado de ti como gostei.<br />
<span style="font-weight: bold;">- É um adeus?</span><br />
- Já o foi há muito tempo.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-92216056275775978012011-06-26T23:51:00.002+01:002015-08-03T15:07:59.975+01:00Castelos de areiaJá não sei construir castelos de areia. Perdi a capacidade de empilhar aqueles pequenos pedaços sob a forma de muralha com <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">torreões</span> e ameias. Desaprendi e desaprendeste-me. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">Desensinaste</span>-me. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">Deslembraste</span>-me. Parecia tão fácil na altura, que talvez nesse tempo não tenha dedicado o suficiente para o apreender. Talvez me falte a água que une a areia como cola invisível que dura até evaporar. Falta-me a água gelada do mar. Falta-me a água porque está agora tudo seco. Seco de solidão e de desamparo.<br />
Sento-me na praia. Apanho um punhado do areal que de seguida me escorre por entre as fendas dos dedos. Como quem foge. Como quem não quer ficar. Porque foges? Para onde queres ir? Onde buscarás o líquido que te conferirá a união que desejas? Nesta praia já não faço castelos de areia. Não se consegue fazer nada com esta areia desprovida de marés. Não há quem a enrosque e a embale, embevecendo o olhar de transeuntes que se detêm por entre passos mal calculados.<br />
Porque não me mostras de novo? Talvez tenhas ido atrás da chuva. Por entre o negrume de céus fechados em busca de argamassa para que se ergam novos edifícios de brincadeira. Porque aqui o assunto é sério e faltou-te seriedade para que pegasses nas minhas mãos e lhes mostrasses como era moldar uma parede, um fosso, uma torre de menagem. Faltou-te intenção a mais e palavras de menos para que nos compreendêssemos na perfeição e não criássemos uma barreira de penumbras dúbias onde ora falta areia, ora falta água. Onde já não se constrói nada. E onde aquilo que de lá sai, mais se assemelha a uma destruição mal contida que abala os castelos ainda estoicamente de pé. Tal qual um pé de alguém distraído que, sem querer, tropeça no pequeno castelo de areia de fantasia do petiz.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-13130250243454529192011-03-29T23:13:00.005+01:002015-08-03T15:00:49.030+01:00MetroGare do Oriente. É cedo. É pelo menos cedo para mim que não devia por aqui andar a estas horas. 8:32 marca um daqueles letreiros electrónicos que estão constantemente a emitir mensagens de interesse duvidoso ao sabor do piscar de vários LEDs laranjas. "O Metro não funcionará amanhã das 6:00 às 11:30" passa agora a correr como que largando uma bomba que se deseja que ninguém veja só para que fique com a manhã do dia seguinte toda virada do avesso. Apesar de ser um mero dia de semana, poucas pessoas hoje se encontram a circular nestes acessos subterrâneos, talvez fruto das férias de Verão para as quais a crise deveria roubar dinheiro, mas que acabam sempre passadas em praias paradisíacas num país latino de um continente além-Atlântico.<br />
Felizmente não preciso de me preocupar com o bilhete. Vantagens e mordomias dos pré-comprados. Sempre se evitam as filas para a única máquina que existe a funcionar pois as outras, cheias de chico-espertice, parecem arranjar todas as desculpas para ficarem não-operacionais. Avarias, falta de troco, cartões electrónicos não aceites ou então só porque sim. Ou porque não. Devem-se combinar entre elas e montam escalas de turnos para se irem mantendo jovens e imaculadas. E para moer a já pouca paciência de quem (des)espera, para o qual também contribuem a declarada azelhice de muitos transeuntes e a sagaz vontade de nunca quererem aprender a funcionar com as malfadadas maquinetas. O que vale é que existem sempre funcionários imensamente disponíveis para ficar sentados atrás de um qualquer balcão a rir da inoperância alheia enquanto os seus roliços traseiros engordam enfiados num recosto fofinho que não existe disponível para mais nenhum.<br />
Torniquetes. Passa-se o bilhete e <span style="font-style: italic;">voilá</span>. Abre-te sésamo. Por vezes é preciso quase ter aptidões atléticas olímpicas para transpor tal barreira, tamanha não é a necessidade de coordenação para fazer passar toda a bagagem no (curto) espaço de tempo em que as portas se tornam permeáveis. E ficar lá entalado? Um regozijo só recomendável para os outros porque dói e incomoda que se farta.<br />
Aguardo. Encosto-me a uma parede com medo que algum de nós (eu e a parede) caia. Bocejo. Ainda tenho sono. Diz agora o painel que faltam 4 minutos e 51 segundos para as metálicas carruagens terminarem a manobra de troca de linha e recomeçarem o percurso que já conhecem como a palma dos seus carris. Os passageiros acumulam-se junto à linha, numa amálgama de diversidade que se torna homogénea graças à pouco dissipada apatia e ausência de interacção que este tipo de transportes colectivos sempre acarreta. O som aproxima-se. Apita a avisar da chegada como se o rosnar constante do vento a ser arrancado não chegasse para o anunciar. Ainda antes de parar, já todos se aglomeraram à beira do local onde julgam que a porta se abrirá. E desengane-se quem pense que se trata de um acto aleatório, pois facilmente se reconhecem os profissionais desta actividade ao se comprovar a sua perícia milimétrica.<br />
Já lá dentro, o importante é encontrar um buraquinho para nos sentarmos, embora seja sempre preferível deixar passar aquelas velhas vizinhas (ou vizinhas velhas) com dois, três, quatro ou mais sacos com um mundo de cheio de nada no seu interior. Parecem formigas atarefadas em busca do lugar que julgam eternamente seu e para o qual ninguém tem sequer permissão de colocar a mirada em cima. Ao longe já oiço o inconfundível som de um acordeão, surpreendentemente tocado com alguma mestria. Em cima do instrumento que o jovem carrega, equilibra-se um pequeno cachorrinho com o fundo de uma garrafa de plástico para que nele se coloquem moedas de esmola. Não sei por quem tenho mais compaixão. Se do indefeso animal que passa o dia inteiro com um fio entre os dentes a segurar pedaços de metal dentro de um recipiente ou da ainda ingénua (ou se calhar não) criança que dá azo ao seu dom para alimentar vícios dos pais que a exploram...<br />
Enquanto as vizinhas trocam agora impressões sobre as modas actuais das relações amorosas dos seres humanos (que confusão lhes faz os "ajuntamentos" sem casamento e aquela coisa nova dos "homem-sexuais"), um jovem parzinho de namorados enrosca as mãos e troca sorrisos de quem acabou de descobrir o quão bem sabe uma brutal descarga hormonal logo pela manhã. Trocam palavras e frases muitas vezes sem nexo para alguns ouvintes incautos, partilham beijos e outras carícias a cargo de uma ou outra mão que afagam carinhosamente as faces da sua outra metade. Ele, mais alto que ela, dá-lhe o ombro para que ela encoste a cabeça e se aninhe no pescoço dele, sentindo-se protegida de perigos que agora não existem mas que a conforta mesmo assim. "É favor não forçar as portas!". Certamente alguém mais voluntarioso que se atirou já após os silvos sonoros que indicam o fecho iminente das portas e que deixou uma mochila ou um pé presos entre elas.<br />
Ao fundo, sozinho, um homem de meia-idade. Olha impacientemente para o relógio, alternando com movimentos desinquietantes no telemóvel. Obviamente espera por algo ou está atrasado para alguma coisa. Se calhar as duas. O eterno Português vive sempre na ânsia de concretizar sonhos e na sofreguidão de nunca chegar a tempo de os atingir. Escorrem-lhe gotas de suor pela testa. Semblante fechado. As vizinhas dão por ele. Murmuram um sussurro imperceptível, mas que ele percebe ser para ele. Cora. Atrapalha-se. Deixa cair o telemóvel quando de repente começa a vibrar nas suas mãos. Apressa-se a apanhá-lo e lê o que o ecrã lhe escrevinha. Sorri. Levanta-se e sai na próxima estação. Haja dias felizes para alguém.<br />
"São Sebastião. Estação Terminal". Mesmo que não quisesse, é aqui que tenho que sair. Fim de linha. Literalmente. Mais uma vez, dou por mim a ser atropelado pelas ágeis velhas vizinhas, a quem somente interessa exercitar a língua e os belos braços que derriçam com força que aqueles singelos corpos parecem não ter. Deixo-as sair. "Take care of your belongings when entering or exiting the train". Instintivamente as vizinhas olham para as suas malas e remexem-lhes o interior, assegurando-se que têm tudo consigo. Mal sabem elas que esse é somente o primeiro sinal para denunciar o local onde guardam aquilo que de maior valor transportam consigo... Quando me aproximo do torniquete, um jovem algo tímido aborda-me e pergunta-me num tom pianíssimo: "Posso passar atrás de si?". Enquanto lhe aceno afirmativamente, esboço uma expressão alegre de condescendência por todos aqueles (incluindo eu próprio) que, com a idade daquele rapaz, também alguma vez ousaram fazer gazeta aos bilhetes dos transportes públicos. É talvez um dos primeiros actos de rebeldia de muitos dos adultos de hoje.<br />
Subo as escadas e saio para a rua. Doem-me os olhos. Não vejo nada. Está sol lá fora.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-35658367149849651712011-02-28T23:50:00.005+00:002015-08-03T14:52:24.734+01:00Desculpa-meDesculpa-me. Desculpa-me por ter sido grosseiro e talvez demasiado bruto. Desculpa-me não ter tido a perspicácia desejada para talvez dar a mão à palmatória e remendar a minha falha. Desculpa-me não te ter dado (outra vez) o benefício da dúvida. Desculpa-me por te ter pedido desculpa e por ter pensado que podia corrigir algo. Desculpa-me por ter acreditado em ti. Desculpa-me por ter criado de ti uma opinião sustentada em algo que não existe e em algo que não és. Desculpa-me o facto de não teres tido a frontalidade de fazer aquilo de que me acusaste. Desculpa-me por saber que me acusaste de falta de carácter e de baixeza de espírito. Desculpa-me ainda por ter a certeza que és uma marioneta em mãos de outrem. Desculpa-me a tua falta de preocupação e a tua postura de "pessoa-desgraçada-que-faz-os-outros-pagarem-só-porque-já-pagou-muito". Desculpa-me a intolerância que bradas e os amigos que escolheste feitos lobos vestidos de carneiros. Desculpa-me o teatro que representas e me apresentas. Desculpa-me a falta de jeito para me entenderes. E desculpa-me a honestidade de lidar contigo à tua altura.<br />
<br />
Porque peço que me desculpes disto tudo? Porque percebi que se a culpa não for minha, não será de ninguém.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-87762226009977447802011-01-16T23:20:00.003+00:002015-08-03T14:49:38.407+01:00Definições IXAmanhã: dia em que sonhamos que aconteça o que já hoje passámos o dia à espera que tivesse acontecido.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-29820725917759556072010-12-25T19:10:00.003+00:002010-12-25T19:11:37.057+00:00Desejo para 2011Que sejamos todos um pouquinho egoístas. Porque, hoje em dia, se não nos preocuparmos connosco, quem é que se preocupará?Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-69561610686032135442010-12-22T02:03:00.005+00:002015-08-03T14:48:51.180+01:00DescriaçãoÉs a maior das desilusões da minha vida. És aquela pessoa em que, por vezes, encontrei pedaços do que gostaria de ser para ser melhor. Pedaços que complementariam falhas que todos temos e muitas vezes não queremos assumir. Julguei que serias merecedor de tudo aquilo que sempre viram em ti e que de ti quiseram fazer de uma forma tão natural que quase nem percebeste. Daquele quadro idílico desenhado com a mais pura das ingenuidades e certezas que se encontram num pincel nu e ainda virgem. O tempo mostrou-me que estava errado. Que todos nós estávamos errados. Que tu também estavas errado. O problema é que os outros foram agora obrigados a estar certos enquanto tu, isolado na tua ignorância e incompreensão das mais básicas leis humanas, continuas sentado ao canto batendo o pé em defesa das tuas falhas.<br />
Onde encontraste a coragem para te dessuperares tão grosseiramente? Como reuniste a força para descriar o que já há muito estava frágil? Deu-te prazer quebrar algo que se iria partir por si próprio sem necessidade de um soco no estômago? Usurpaste à socapa algo que nunca seria teu por direito e, mesmo após o teres furtado, não ganhaste o direito a possuir tal privilégio. Faltou-te a esperteza e, acima de tudo, a inteligência para saberes até onde pisar. Ao roubares do prato que te alimenta, do roupeiro que te veste ou da casa que te abriga, roubaste igualmente o resto de vergonha ou dignidade que poderias ainda possuir depois de toda a vitalidade que optaste por sugar para alimentares uma fome viciosa que te suga a ti próprio. Foi esse o caminho que escolheste e que agora te escolhe a ti de forma recíproca: o da mentira, o da falsidade, o do teatro, o da fuga antes que te apanhem, o da invenção. Do lado de cá deixas um mundo de incredulidade, de pasmo, de sofreguidão, de surrealidade. Por existires nessa tua actual essência e ausência, o mundo readquire novos contornos, novas cores, novos conteúdos. Novos mundos. E isso não é, de todo, interessante e convidativo. Tornaste-o mais que relógios de Dalí, <span style="font-style: italic;">demoiselles</span> de Picasso ou salpicos de Pollock. Porque esses são suficientemente palpáveis, embora fruto da ficção de alguém, para que possam ser de algum modo apreendidos pelo nosso corpo e mente. O que tu criaste é um monstro que ultrapassa essas barreiras e explode com todos os limites que a vida me permitiu até hoje conhecer.<br />
Não sei já onde te encontras. Às vezes chego mesmo a pensar se alguma vez mais te voltarás a encontrar. Tento varrer da minha mente aquilo que eu espero não ser verdade mas que os outros dizem não ser mentira. Isso significaria um turbilhão em espiral do qual já não conseguirias estender a mão em busca de um auxílio que há muito teimaste em afastar e despedaçar em tons de mesquinhez que ninguém te conhecia. Tenho medo que já lá estejas, bem atracado. Tenho medo também por ti mas cada vez menos por ti. Porque os teus tentáculos, de forma deliberada ou não, agarram inocentes como ventosas, que se consomem a ritmos tão ou mais céleres que tu. E são esses que cada vez mais me interessam e preocupam. Por ser injusto e não ser meritório. Por também me doer. Por me doer ver o definhar lento e agonizante. Por me doer ter que escolher.<br />
Nunca vou esquecer. Nunca vou desculpar. Porque não quero e não posso. Porque não há razão ou explicação lógica possível de ser criada da forma mais arquitectada imaginável. Porque as tuas acções simplesmente revelam o total desnorte de um ser caído em desgraça. A aparente total perda de todas as suas capacidades que podiam ser brilhantes. A auto-flagelação das virtudes que outrora foram gabadas e veneradas. Afinal de contas, talvez os "sempre-em-pé" também caiam. Afinal de contas, talvez não existam "sempre-em-pés".Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-24554127859449857112010-11-30T23:54:00.003+00:002015-08-03T14:43:58.563+01:00A todosHoje agradeço a todos os que fizeram do meu caminho aquilo que eu percorri para chegar onde estou agora. Aos que me deitaram ao chão e me obrigaram a levantar com mais força. Aos que me ampararam quando as minhas paredes e o meu chão tremeram e se liquefizeram sem eu dar conta. Aos que me difamaram e mal-disseram, fazendo com que eu fosse mais eu próprio para que essas mentiras fossem meros farrapos de névoa. Aos que me defenderam, por vezes em prejuízo próprio, porque simplesmente acharam que o deviam fazer. Aos que me ignoraram e assim me ensinaram a retribuir na mesma moeda. Aos que me abraçaram, dizendo-me dessa forma aquilo que possivelmente as palavras não poderiam exprimir. Aos que me tentaram ultrapassar pisando-me, porque no fim continuei a ser eu a rir-me. Aos que me tentaram ultrapassar ajudando-me, porque no fim soube ficar feliz por vocês. Aos que foram inexistentes. Aos que estiveram sempre presentes. A todos. Porque, graças a todos, chego aqui hoje de pé. E no final, é sempre isso que conta. Obrigado.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-81711637614430699472010-10-30T16:18:00.002+01:002010-10-30T16:39:48.691+01:00Falar em silêncioGosto de ouvir a chuva lá fora, tentando distinguir cada gota cuja água resvala suavemente. Gosto de a ouvir lá fora enquanto estou aqui dentro, entusiasmado com essa grande distância tão próxima. Aqui dentro aconchegado entre lençóis e mantas, recolhendo-me do frio que tenta bater-me às janelas de forma quase inofensiva.<br />Lá fora o vento partilha o seu espaço com a chuva. Aqui dentro és tu que te anichas em mim. Colocas a cabeça no meu ombro enquanto eu te afasto o cabelo da testa e te dou um beijo. Um beijo de "boa noite" e um beijo de "estou sempre aqui". O teu braço agarra-me e, por outras palavras, diz o mesmo que o meu beijo. Porque partilhar é também conseguir falar em silêncio, de olhos fechados, e entender tudo aquilo que se diz sem se dizer.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-40565361949735666712010-09-30T15:23:00.002+01:002010-09-30T16:15:15.872+01:00AlgarismosEi-los. Os marialvas desta vida, cuja vida é a ostentação do que têm e não têm. Porque a grandiosidade do ser se mede pelo que aufere e adquire e não pelo que faz ou é. Porque a vida é aquilo que se mostra e se quer que os outros vejam, como feitos grandiosos assentes em pedaços de papel e de metal que ofuscam a total leviandade e ausência de polpa sob uma casca demasiado decorada a preceito.<br />Para que importam os valores? Os princípios? As relações? Os outros? Desculpam-se com pressupostos e ideias pré-fabricadas e erradas de base para que consigam impingir uma cegueira fosca a quem desejavam não conhecer. Sabem que falham, julgando que o fazem de forma subtil, matreira e esperta, esperando assim atalhar caminho a direito por rotas que não existem e que tentam fazer brotar à força. Simplesmente porque não interessa dar sem se receber. Não interessa sequer dar mesmo que se receba. Percursos de sentido único que capitalizam tudo o que é valorizável, desprezando tudo aquilo que tem mais valor que isso. Porque (ainda) nem tudo é quantificável para que possa ser comparado e sobrevalorizado, subjugando-se o que sobra e se afunda sob números que nunca deixarão de ser isso mesmo. Algarismos. Algarismos que, tirados do contexto que tentam construir, mostram somente a nua realidade e a crua tristeza do vazio que comportam essas acções.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-52318267729405554502010-08-30T17:29:00.001+01:002010-09-02T16:05:46.920+01:00AmorAmor. Que sabes tu dele para dele tão eloquentemente falares? Mostra-me como articulas essas palavras em ideias moldadas pelos teus lábios que mentem a verdade com que tentas os outros deleitar. Agora ouve-te a ti própria e ao tão sem sentido que declamas entre falsidades das quais te moves como gelo do fogo. Percebes agora o quão desnaturais e inconsequentes são as bolas de sabão que tentas fazer subir ao céu?<br /><br />Amor. Que sabes tu do amor pelos outros para que com tanta ânsia o tentes ensinar a quem ainda se deixa enganar em te escutar? Como ousas ousar tanta ousadia quando o amor que usas e com o qual te pintas todos os dias não é mais que aquele que te serve a cada momento? O teu amor pelos outros é o amor que em primeiro te satisfaz. Aquele com o qual brincas ao belo sabor dos teus desejos carnais e mais arcaicos. Como uma criança que joga com um brinquedo e tão cedo se farta por querer o alheio. Só porque apetece. E dá mais prazer.<br /><br />Amor. Que sabes tu sobre o que é ter e fazer crescer um amor se contigo ele nunca passa de uma erva bravia e daninha que é sempre rasteira e só tenta abafar quem acima dela tenta crescer? Tens a boca demasiado suja para que as frases devessem ter permissão a soar, tamanha é a traição, a insensibilidade e a morte de espírito que causas a quem se enrola no teu "amo-te" frio em busca de um conforto inexistente. Mas tu sabes o que é o amor. O amor pelo teu próprio ser. Aquele amor narcisista que tem o dom de preencher os outros de um vazio só menor que a tua plenitude que com ele alcanças. O qual bebes como sangue que te alimenta como só de isso dependesses.<br /><br />Amor. Que sabes tu como o dar se obrigaste todos a de ti o tirarem? Olha à tua volta e não te lamentes pela ausência de presenças que te abram os braços e te acolham. Vê-se que lutas desesperadamente, em constante fuga para um lugar em que julgas fugir dos desamores que construíste para que novos voltes a erguer. Sem que tenhas que carregar aqueles olhos cravados na tua nuca e aquelas mãos apertadas na tua garganta a tentarem fazer escoar aos poucos a réstia de esperança e de sentimento de superioridade que a vida teimosamente ainda te dá.<br /><br />Estás longe desse lugar... Tão longe...Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-37085636704996922632010-07-21T23:07:00.002+01:002010-07-21T23:48:45.090+01:00Eu? Sim...Não achas que há alguma coisa errada? Não sentes que há algo a menos? E isso não te incomoda? Não fraquejas à falta de um suporte? Perguntas-te porquê? Desabafas com alguém? Não te amarras ao orgulho? Não te restringes às tuas leis? Não te estagnas e dilaceras assim? Reconheces onde pisaste ao lado? Reconheces quando pisaste demais? Pensas nisso com frequência? Consomes-te por vezes? Irritas-te e revoltas-te a tempos? E depois, recordas-te? Enterneces-te de olhos fechados? Percorres letras construídas? Decalcas de cor sons memorizados? E aí, não vês a incoerência? Não procuras a coerência para voltar a esse passado todo?<br /><br />E não tens saudades de esse passado todo?Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-68001005113368970782010-06-29T23:34:00.002+01:002015-08-03T14:31:50.518+01:00Definições VIIIFelicidade: objectivo que se atinge após percorrer um caminho por vontade própria e simultaneamente por ausência de interferência de outros.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-87846557283160585312010-05-22T22:06:00.002+01:002015-08-03T14:31:39.104+01:00Gosto IIGosto de dormir pouco. Gosto de estar acordado. Gosto de aproveitar o tempo que estou acordado. Gosto de comer depressa. Gosto de ter pressa. Gosto de ser pontual. Gosto que os outros sejam pontuais. Gosto de andar. Gosto ainda mais de correr. Gosto quando ainda tenho pernas para o fazer. Gosto de fingir que jogo futebol. Gosto de marcar golos. Gosto daquele momento em que, depois de marcar o golo, olho para os meus pés e fico contente com o que acabaram de fazer. Gosto de ver jogos de ténis e de snooker. Gosto de ver ciclismo. Gosto de andar de bicicleta. Gosto de "dar o litro" em cima da bicicleta. Gosto de ir longe. Mais longe ainda que isso. Gosto de me superar. Gosto de dar sempre o máximo. Gosto de me ganhar. Gosto de ganhar. Gosto de perder quando sei que perco bem. Gosto de ti. Gosto dele e dela. Gosto de vocês. Gosto de poupar dinheiro. Gosto de o usar correctamente. Gosto do Futebol Clube do Porto. Também gosto do Vitória Futebol Clube. Gosto do preto, do branco, do azul e do castanho. Gosto de vestir camisas com calças de ganga. Já gosto de calções. Gosto de calçar ténis. Gosto de andar descalço. Gosto da praia vazia. De preferência do Inverno. Gosto do mar em rebuliço. Gosto do mar em rebuliço a desfazer-se na areia. Gosto do mau tempo. Com frio, chuva, vento e trovoadas. Gosto da noite. Gosto do silêncio das estrelas à noite. Gosto de escrever. Gosto de escrever com canetas de aparo. Gosto que leiam o que eu escrevo. Gosto de ler o que os outros escrevem. Gosto de fazer e receber surpresas. Gosto de uma carta com um texto sincero. Gosto de tocar piano. Gosto simplesmente de estar sentado ao piano. Gosto de música. Gosto das músicas que me provocam um arrepio na coluna. Gosto de mostrar as minhas emoções. Gosto quando sou sincero e me emociono. Gosto quando fico com a voz embargada de saudades e nostalgia. Gosto de animais. Gosto de gatos. Gosto de Shar-Peis. Gosto de medicina. Gosto muito de história e arqueologia. Gosto de Portugal. Gosto das minhas terras. Gosto de ter tudo arrumado. Gosto de dar uma ordem lógica a tudo. Gosto de saber. Gosto de jantar e ficar a falar por saber que não tenho nada que fazer depois. Gosto de fazer noitadas em boa companhia. Gosto de discussões. Melhor. Gosto de trocas de ideias. Gosto que me respeitem a opinião. Gosto de dar a minha opinião. Gosto de ser feliz. Gosto de me rir. Gosto de fazer os outros rir. Gosto de ser diferente. Gosto de ser como sou. Gosto de mim.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-47979724588943115252010-04-18T21:15:00.001+01:002015-08-03T14:28:50.480+01:00Vultos escurosSei porque voaste. Sei porque abriste as asas e tentaste fugir do teu recanto. Julgaste que, lá longe, deixarias os vultos escuros que te assombram bem distantes de ti.<br />
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Quando lá chegaste, não encontraste o conforto que buscavas. Não identificaste alguma diferença em relação ao que havias deixado, mesmo quando invocaste anjos brancos de envergadura larga para te proteger. Enganaste-te. Quando lá chegaste, já lá eles estavam à tua espera. Era como se os vultos escuros tivessem adivinhado o teu destino predestinado só para te penitenciar quando arquitectaste aquele que sabias ser o teu derradeiro plano de escape.<br />
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Mesmo lá longe, são esses vultos escuros que se mantêm bem pertinho, circundando-te de forma sorrateira e abafante, gelando o vapor de água que expiras e fazendo-o cair como farpas nos teus próprios pés. São eles que te fazem companhia nas noites em que a tua pessoa está abandonada e implacavelmente vergada debaixo dos lençóis de uma cama que não te embala. São eles que te amarelam o sorriso quando, por fugazes momentos, foges da realidade e eles rompem pelo teu pensamento lentificadamente apagado e quase morto. São eles que te tiram o gozo da mais pequena alegria que achas ser capaz de alcançar quando de forma sarcástica eles te dão a sensação de estares livre. São eles que te toldam a imagem quando alguém olha para ti através dos teus olhos verdadeiramente vazios e que eles não te deixam voltar a encher. São eles que apagam as luzes da rua quando caminhas sem destino entre casas a dormir e te fundem com o nada da escuridão que preenche o ar. São eles que te geram essa dor ardentemente agonizante quando te crucificam de forma invertida perante todos os pecados cujo teu corpo não consegue esconder atrás de si. São eles que te assassinam os sonhos e fazem brotar pesadelos que conheces como reais, só para de seguida acordares num sobressalto e tomares consciência de que não há diferença entre o sono e a vigília. São eles que fazem a tua sombra que não obedece aos mandamentos do teu corpo e jocosamente enganam os teus sentidos, criando sons, imagens, sabores, cheiros e objectos que te conduzem à insanidade louca de onde não te consegues libertar. São eles que não se espantam quando gritas em surdina o que se evapora da tua alma quando por fim cedes em desamparo perante a incapacidade de expressares a mínimo esboço de vontade própria.<br />
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Por mais que tentes, não consegues cavar um fosso onde os enterres ou que os impeça de te alcançar. Porque esses vultos escuros não vivem contigo. Eles vivem em ti. Em tudo o que és. Estão entranhados em tudo o que é vida em ti e em tudo o que é morte que causas. E só desaparecerão quando também tu te eclipsares.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-56191471772096904452010-04-07T23:42:00.001+01:002015-08-03T14:37:38.723+01:00Definições VIIAmor: tu.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-2554639504474002672010-03-28T23:56:00.005+01:002015-08-03T14:23:03.990+01:00Quando formos grandesJá imaginaste como tudo será quando formos grandes? Quando formos maiores e mais crescidos?<br />
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Será que ainda nos vamos conhecer? Ainda seremos capazes de trocar palavras de conforto, carinho e compreensão? Se nos afastarmos, teremos a habilidade de nos reconhecer por trás do tempo que passou? Teremos orgulho daquilo que cada um de nós se tornou? E daquilo que o outro se tornou? Ou será que nos envergonharemos perante todas as nossas esperanças e desejos actuais? Teremos sido capazes de corrigir os nossos defeitos ou simplesmente de os refinar mais? Encontraremos a nossa outra melhor metade com que sempre sonhámos? Será alguém hoje para nós um desconhecido ou aquela pessoa que sempre aqui esteve sem darmos pela sua presença e que futuramente será o brilho do nosso ser?<br />
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Quando formos grandes, teremos perdido a capacidade de chorar? Ou será que o continuaremos a fazer de cabeça erguida sempre que o peso da vida nos pesar demais? Teremos sarado feridas ou somente herdado mais cicatrizes de guerras que agora não descortinamos? Conseguiremos ainda sentarmo-nos lado a lado, reconhecendo a amizade do outro num simples encostar mútuo da cabeça no ombro que atraca ao lado? Teremos, ao invés disso, minado por completo qualquer réstia de ligação humana que existisse? Saberemos ouvir o silêncio que nos enche a alma quando está vazia, sem necessidade de clamar por ajuda? Quando fecharmos os olhos, ainda saberemos onde o outro está mesmo no escuro?<br />
<br />
Saberemos saborear o prazer das pequenas coisas, mesmo que elas se repitam a ciclos? Ou conformar-nos-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">emos</span> numa toca isolada, desesperando pelo crescimento caduco e nada perene? Seremos capazes de ainda procurar as pontes que nos unem e os vales que nos afastam, mas que todos juntos criam esta dualidade una? Ansiaremos sempre ainda por mais um pedaço de vida com o outro e com quem queira connosco degustar o tempo? Antes seremos derrotados por utópicas outras vidas que de nós florescerão e nos consumirão as atenções? Seremos vencidos pela gula e soberba de quem se deixou vencer a si próprio? Ou continuaremos a encontrar o caminho de volta a casa, por entre fragas e matas?<br />
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Agora, aqui, não sei se quero crescer. Não me urge o desconhecido quando o que tenho e tacteio me é tão real e tão seguro. Tão presente.<br />
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Já imaginaste como tudo será quando formos grandes? E quando formos grandes, será que continuaremos a lembrar do tempo em que éramos pequenos? Às vezes acho que o melhor seria ficarmos para sempre suspensos num marasmo que só nos prolongasse este momento melancólico que é poder partilhar este pensamento inventivo com alguém que não sabemos onde estará amanhã. Que talvez já não exista quando crescermos.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-71220725547224215552010-02-28T00:59:00.004+00:002015-08-03T14:17:22.913+01:00DespedidaUma mão que se abre num aceno, com os dedos esguios estendidos a medo. Outra mão que se enrola num aperto cordial ousando demonstrar alguma força que já não tem. Um abraço que envolve um tronco de tal modo sôfrego que já não respira.<br />
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Há momentos em que a mente se quer despedir. Alturas em que o conforto não chega de onde se queria e a esperança é vã memória dos tempos que se sonharam e nunca foram realidade. O corpo não tem outra solução que não obedecer a esse desígnio imperial imposto pela voz que o comanda. Contrariado ou não, cabe-lhe dar forma a algo muito mais complexo que uma simples palavra ou sentimento. Porque as despedidas são um ciclone de emoções <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">contraditórias</span> e vontades tantas vezes desconexas e incoerentes entre si, mas que acabam por se fundir em algo tão objectivo e concreto como um adeus.<br />
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Uma lágrima que se desprende num fio de ouro caduco e <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">fugaz</span>. Um nó na garganta incómodo que se disfarça mal quando se engole em seco aquilo que se quer, mas não se pode dizer. Ou um aperto no peito, que aperta algo que já não existe e cuja existência se questiona sem cessar.<br />
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Será que escolhemos poder ir embora? Serão os outros que nos deixam ir embora? Ou serão os outros que vão e ficamos nós sempre no lugar onde estivemos e de onde nunca sairemos? Uma despedida é sempre subjectiva e relativa. Talvez não interesse quem parta e quem permita partir. Talvez nem interesse saber se isso interessa. Porque, no final das contas, o que resta é o abandono que ardeu lentamente de forma penosa enquanto nunca se deu por ele. Um fogo que se alimentou de muito mais que o oxigénio que necessitaria para respirar e que transgrediu todas as barreiras que o bom senso deveria impor.<br />
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Um passo tímido que se começa em direcção a um novo rumo, talvez cópia do que agora se nega. Um último desviar no olhar incrédulo com a dor cabal do que já não capta. Uma certeza da decisão que se incorpora por fim, quando finalmente tudo se torna óbvio.<br />
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Foi a ausência. A inexistência de uma presença que se conjecturou sob ideais e premissas dúbias descritas em fábulas e romances irreais. Porventura surreais. Foi a dor do esquecimento. Da lembrança de permitir o abandono tão concreto e visível que quase chega a ser sorrateiro. Porventura matreiro. Foi a incongruência. A coerência de usar do poder conforme fazia gosto ao uso do abuso de querer tudo sem escrúpulos. Foi tudo isso. Um esgar tétrico e silencioso que se apagou cordialmente entre ambas as partes sem combinação ou contrato prévios. Uma despedida da qual todos são conscientes e coniventes. E que, mesmo sem nunca o expressarem com a voz que a natureza concedeu a quem dela faz uso, há muito ansiavam. Com uma força tão honesta quanto cruel.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-58655068618764714802010-01-30T23:24:00.002+00:002015-08-03T14:13:01.972+01:00IntensoGosto de viver no máximo. Não que isto queira dizer que goste de correr riscos e entrar em aventuras. De maneira nenhuma. Gosto de caminhos seguros e bem definidos, onde a minha margem de erro é sempre a menor possível e, sempre que possível, manobrada ao meu jeito. Apesar disso, gosto de fazer esses caminhos no máximo das minhas capacidades. Gosto de investir tudo em mim, em tudo o que faço e naqueles que me acompanham nestas andanças. Dou tudo de mim e do que tenho em mim para que tenha os melhores resultados possíveis e para ajudar aqueles que tenho à minha volta e que estimo mais do que por vezes me estimo a mim próprio.<br />
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E se o faço de forma tão gigante quando gosto, também o faço quando detesto. Gosto de detestar e odiar com todas as minhas forças. Chateio-me e expludo com a maior das mais mortais energias, disparando toda a pólvora que posso arranjar. Não tolero valores sem valor, moralidades imorais, verdades mentirosas e erros descuidados feitos de propósito. E se não os tolero, vibro com força na por vezes vã tentativa de os implodir com a minha vontade enorme e avassaladora.<br />
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Sou intenso. Intenso em tudo o que faço. Quando amo ou quando desprezo. Quando procuro ou quando repulso. Para o bem e para o mal, dou 100% por tudo aquilo que eu acho que merece a pena. Porque não gosto de ser acusado de falta de empenho. Porque para mim é desrespeito não darmos tudo o que temos para oferecer. Vivo tudo, sinto tudo, absorvo tudo. Da forma mais intensa que possam imaginar.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-48796056729122377272009-12-31T12:27:00.003+00:002009-12-31T12:36:39.904+00:00Dias perfeitosHoje apetece-me ouvir o brilho das estrelas lá no céu, longínquas e fora do nosso alcance. Quero cheirar o som do sopro da brisa que voa sem amarras e sem destino. Tenho vontade de saborear o cheiro do teu perfume quando te cruzas comigo bem perto. Anseio por ver o calor aconchegante e terno da tua cabeça encostada no meu ombro ao fim da noite. E por fim, desejo tocar o sabor do teu beijo antes de adormecermos juntos sem nos preocuparmos com nada.<br /><br />Felizmente que ainda há dias perfeitos...Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-60284851894477198722009-12-20T12:43:00.005+00:002010-01-12T00:06:42.205+00:00É agoraAbrir aquela porta e senti-la e ouvi-la fechar-se atrás de mim pela última vez é algo que para sempre me ecoará na memória.<br /><br />Estava um dia lindo. Um daqueles dias de Inverno em que o sol é utopia porque a realidade são telhados de nuvens escuras e pesadas que nos cobrem sem intervalos. Um daqueles dias de Inverno em que o frio nos aquece o ego, nos atravessa até aos ossos e nos arrepia à mais pequena brisa de gelo. Um daqueles dias de Inverno em que até a própria chuva, que invariavelmente tem que cair, cai de forma escassa e com medo de congelar, com pingos tímidos de vergonha.<br /><br />Daquela vez a porta pareceu-me muito mais leve quando fiz força no puxador. Pareceu que deslizou sob o seu peso como que fazendo-me uma sublime e frágil vénia à medida que lhe passava a ombreira. Não me deteve nem sequer o tentou fazer, simplesmente porque desta vez sabia que não valia a pena. Fechei o casaco até ao cimo, tão decidido quanto o máximo que poderia estar em qualquer situação que alguma vez terei enfrentado.<br /><br />Não tive medo do frio, do vento ou sequer da chuva que reinavam e se divertiam lá fora. Abracei-os. Puxei-os para junto de mim agradado pela companhia neste último caminho. Soube bem senti-los à minha volta, quase me levando ao colo. Olhei pelo canto do olho, por cima do meu ombro esquerdo. Lá estava ele, onde há mais de meio século sempre estivera. Onde há meia dúzia de anos eu sempre o vira. Impávido e pouco sereno. Mas hirto e severo.<br /><br />Mas desta vez era de vez. Ao olhar por cima do meu ombro terei talvez <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">experimentado</span> uma vivência de quase-morte. Um daqueles momentos em que, em segundos, viajamos e revemos uma vida a alta velocidade. Os altos, os baixos. Os amigos e os inimigos. Os feitos e as derrotas. As conquistas e os falhanços. Uma experiência de quase-morte diferente somente por anteceder uma nova vida que se segue à que naquele momento terminou. Viajei num <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">vórtex</span> de sentimentos e sensações durante o tempo que demorei a fazer uma inspiração mais prolongada de ar que sustive nos pulmões enquanto o meu interior gelava e prolongava aquele instante. Se me pedissem uma palavra para descrever aquele turbilhão talvez respondesse nostalgia. Mas uma palavra nunca chegaria. Era aquele sentido de trabalho acabado, sem remorsos. De missão cumprida na sua totalidade, sem qualquer tipo de arrependimento. De quem cresceu com o que viveu e soube retirar aquilo que precisava de tudo o que se atravessou no seu caminho. De quem está bem consigo e aceita tudo o que leva consigo e tudo o que, de consciência, optou por deixar ao longo do carreiro. Sim, acho que foi isso. Um grande sentimento de nostalgia mas sem saudade. Porque a saudade fica daquilo que se sente falta e já não se tem. Mas desta vez, o que lá deixo passará agora a ser passado porque já não me é necessário. E não o será por não ter mais lugar no meu presente. Porque o que me é de facto necessário continuará comigo, mais ou menos perto. Porque essas coisas continuarão e manterão de forma ténue aquele sentimento perfeito de orgulho próprio pelo trabalho desenvolvido e as metas alcançadas. É por isso que não tenho medo de dizer adeus. Acabei.<br /><br />É hoje. É agora.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-380869668669429082009-11-30T20:32:00.005+00:002010-12-26T00:22:36.277+00:00CiclosA vida é feita de ciclos. De muitos e tantos que, eventualmente, alguns se terão que repetir. De muitos e tantos que, provavelmente, uma boa parte nos incluirá neles. E se é verdade que pelos bons ficamos a torcer com imensa força para que voltem, pelos maus contorcemo-nos para que nunca mais os vejamos.<br /><br />No entanto, por mais que nos esforcemos, eles agem quais <em>boomerangs</em> e retornam para nos bater com mais força do que a primeira vez. Para nos atingir à queima-roupa quando praticamente ainda não havíamos baixado a guarda da investida anterior. E voltam a ferir-nos sem dó. Sem piedade. Sem compaixão. Sem pena.<br /><br />E é nestas alturas que ousamos perguntar tudo. Pôr tudo em causa e em questão. Duvidar de muitas antigas certezas. Porquê? Porque não há crença que justifique o que quer que seja. Porque não há consolo lógico ou emotivo que reitere a vontade de agarrar em algo. Resta o conformismo de aceitar porque tinha que acontecer.<br /><br />Às vezes fica-se sozinho. Às vezes muito acompanhado. Nenhuma delas é boa. Como tudo na vida, o importante é arranjar um meio-termo. Mais saudável, equilibrado e consistente. Quero apoio, mas não quero falsas ajudas. Dispenso apoios de mentira. Desprezo auxílios por dever cívico. Só quero quem sempre lá esteve. Mesmo quando não precisei. Só quero quem nunca de lá saiu. Mesmo quando o podiam ter feito. Só quero quem nunca ousou mandar abaixo. Mesmo quando era o caminho mais fácil. Só quero quem teve forças para me puxar para cima. Mesmo quando o tiveram que fazer sozinhos.<br /><br />Os outros... aqueles outros... Se há muito morri para eles, não espero nem quero que me venham ressuscitar agora. Isso é triste. E decrépito. E só vos mancha ainda mais o espírito nojento que possuem.<br /><br />Vocês... Sei quem são. Sei onde estão. E é só de vocês que preciso. Obrigado.Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19627826.post-24377187640356286382009-10-31T17:35:00.004+00:002015-08-03T13:13:28.801+01:00Agora entendoAgora entendo o que buscas. E entendo também todo o trabalho de bastidores que fazes para lá chegares. Agora vejo como te roças e te insinuas em mundos protegidos pela ausência de luz que te denuncie. Sabes perfeitamente ao que vais e usas o mais antigo método do mundo para tentares atrair o já atraído por <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">outrem</span>. Cá dentro sempre o soube porque sempre o vi, mesmo quando não queria deixar que me entrasse pelos olhos. Desde sempre houve um toque especial, um inclinar ousado, um sorriso de provocação, uma frase de entrega. Uma total venda e oferta de ti para a tua pessoa. Sei o que queres e tudo o que fazes são degraus que montas para escalar para mais perto do que almejas.<br />
Mas não te limitas a vender-te de forma descarada. E não te limitas a fazê-lo porque tens plena noção de que não chega simplesmente porque tu também não chegas. Não chegas enquanto gente ou enquanto qualquer outra coisa, por mais pequena e reles que seja. E é por isso que minas toda a sólida estrutura que te bloqueia o caminho e protege <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">celestialmente</span> o teu alvo. Inventas, crias e inovas temas e palavras que soltas pelo caminho. Aqui e ali, para este ou aquele. E é pelas costas, apanhando o escudo desprevenido, que infiltras o veneno na ligação que desejas romper e corromper. E vais moendo-a, incessantemente, na esperança que quebre. De podridão ou de exasperação.<br />
Não sei se conseguirás. Espero que não. Primeiro porque o que existe é de longe melhor que tudo aquilo que queres criar à força. À força de ideais que não devem vingar neste mundo. Segundo, porque mereces perder e perder-te sem fim. Mereces a solidão que não vês que geras em tudo o que tocas. Repulsas. Se houver justiça em tudo aquilo que te envolva, existirão luzes para iluminar a escuridão em que exibes a tua nudez de corpo e principalmente de alma para convencer alguém de que serves para ser degustada. Se houver justiça em tudo aquilo que te envolva, existirão ecos de som que levarão as tuas ferroadas aos ouvidos de quem tem o direito de as voltar a enfiar a murro na tua boca.<br />
Hás-de continuar a viver nessa amargura de vida. E caso queiras subir nessa amargura de vida, não será certamente à custa dos que se encontram acima de ti e que têm mais poder que tu. Ainda vais ter que rastejar muito...Casimirohttp://www.blogger.com/profile/07211310754220053565noreply@blogger.com0