O aço de uma aliança é somente a necessidade de se materializar e de se mostrar aquilo que, primeiramente, se deveria sentir e viver. A aliança é somente o resultado daquilo que o coração deve perceber. E assim sendo, terá necessariamente quer ser menos que um dedo que se estende ou um olhar que se conforta. O amor não está na exteriorização, mas na interiorização (em nós e no outro) de todos os pormenores (por mais estúpidos que pareçam) e que têm o maior dos significados por si só.
Depois há as palavras. Ou, como sempre me chamam a atenção, a maneira como dizemos essas palavras. A entoação, a oportunidade, o contexto em que elas nos fogem da boca. Não serão elas mais poderosas que qualquer arma que exista? Não são elas que fazem o impensável, que partem o inquebrável e juntam o que jamais se completaria? As palavras são tão tentadoras de se usarem e tão fáceis de ser mal usadas...
E o amor é isto tudo. Uma amálgama de sentimentos maiores ou menores, mais puros ou mais confusos. Uma amálgama de palavras que se dizem e se deixam por dizer, que se ouvem ou não se querem ouvir. O amor nada tem de parecido com aquele que nos fazem passar todos os dias. Belo, perfeito, carnal, eterno. O amor é tão simples quanto... sofrimento. Só ama quem sofre, quem chora, quem não dorme, quem não come. Antes de prazer, o amor dá sempre dor. Dá-nos depois necessidade, dependência. Algo que deixamos de saber se vem do coração ou da cabeça. Dos dois lados. De lado nenhum. O amor mata, mas acima de tudo fere. E não há que ter vergonha ou medo de o mostrar. Porque mostrar e cuidar das feridas que ele deixa é desde logo uma prova e uma mostra que ele existe. Uma prova talvez muito mais honesta que o aço de uma aliança. Porquê tentar esconder uma cicatriz que não existe? O amor sangra-nos e fá-lo-á sempre.
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