É impressionante a capacidade que a nossa memória auditiva tem para nos fazer viajar no tempo. O que a simples audição de uma voz nos é capaz de trazer à cabeça, mesmo que estejamos de olhos fechados na mais profunda das escuridões. E em tão poucos segundos.
É impressionante a capacidade que a nossa memória olfactiva tem para nos levar para lugares e para junto de pessoas. Locais e pessoas que não vemos há bem mais tempo do que os meros segundos que é preciso para um perfume nos fazer associar tantas ideias.
É impressionante a capacidade que a nossa memória visual tem para que consigamos identificar coisas tão nossas, mesmo que muito mudadas. Olhar para além daquilo que está à nossa frente, juntando pequeninas peças gastas e flashes pouco claros, mas tão iguais como sempre.
É impressionante como estas memórias mais primitivas, mais animais, nos conseguem trazer tanto e tanta coisa. Como nos emergem aqueles pormenores que nos marcam e dos quais raramente nos lembramos: um tom de voz, um perfume ou um flash.
É impressionante a capacidade que a nossa memória cortical tem para que possamos associar as nossas decisões a muito mais para além das nossas memórias primitivas. A possibilidade que nos dá de juntar sentimentos tão mais complexos e característicos da nossa espécie. Coisas que mais nenhum ser sente.
É impressionante a capacidade que esta memória tem para, apesar de mais racional, por vezes se sobrepor a todas as outras. Porque às vezes tem que ser.
Este é o meu Atlas.O meu Atlas Deus que carrega o meu mundo. O meu Atlas que sofre por sonhos. O meu Atlas que, mesmo sofrendo por vezes, é feliz por sonhar.
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Sonhar
Se eu pudesse escolher uma prenda de Natal para nós dois, era isto que eu escolheria: que continuasses sempre a sonhar. Sempre a acreditar nos teus sentimentos. Sem medo. Porque é isso que nos une: tu fazes-me sonhar o meu pensamento e eu faço-te pensar os teus sonhos. É através dessa tua capacidade que atingimos o nosso equilíbrio. Para além disso, gosto muito de ter ver sonhar. E gosto ainda mais quando o fazes com aquele sorriso de criança na cara. Aquele sorriso que diz que tudo é possível...
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Há um ano...
Faz hoje um ano que decidi começar este espaço, tanto para mim mas também (e principalmente) para os outros. Sinto-me feliz por perceber que consigo encarar e levar este meu objectivo, de há tanto tempo, a sério. Faz-me bem ao ego. É verdade que estive também para desistir. Desistir por me faltarem motivos, vontade, fins. Imaginei-lhe conclusão (que não estará nunca esquecida). Mas ainda aqui estou e estarei por mais algum tempo...
Ao longo deste ano, percebi que os meus textos me ajudaram muito, principalmente no sentido de me mostrar aos outros. Sim, porque eu não sou só aquele ser carrancudo e fechado que normalmente todos vêem. Sei que o que escrevi me aproximou de algumas pessoas. Que algumas coisas me fizeram viver o passado. Que outras me fizeram dar um passo no futuro. Sei que não tive medo de ferir susceptibilidades. Sei que não tive medo de dizer que errei. Sei que também devo ter criado expectativas que provavelmente nunca cumprirei. Sei que talvez tenha servido para ajudar, dar um sorriso, estimular 2 minutos de reflexão ou simplesmente passar o tempo. E é por este pequeno retorno, que digo que valeu mesmo a pena.
Ao longo deste ano, percebi que os meus textos me ajudaram muito, principalmente no sentido de me mostrar aos outros. Sim, porque eu não sou só aquele ser carrancudo e fechado que normalmente todos vêem. Sei que o que escrevi me aproximou de algumas pessoas. Que algumas coisas me fizeram viver o passado. Que outras me fizeram dar um passo no futuro. Sei que não tive medo de ferir susceptibilidades. Sei que não tive medo de dizer que errei. Sei que também devo ter criado expectativas que provavelmente nunca cumprirei. Sei que talvez tenha servido para ajudar, dar um sorriso, estimular 2 minutos de reflexão ou simplesmente passar o tempo. E é por este pequeno retorno, que digo que valeu mesmo a pena.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Um lugar tão meu...
Gosto de me sentar mesmo à beira do paredão e deixar as minhas pernas suspensas sobre a água. Ou então simplesmente reclinar-me sobre um qualquer banco e deixar-me ficar. Este lugar chama-me, a mim e ao meu pensamento. Como se as ideias viessem com as pequenas ondas que se dirigem a mim, vindas de não sei onde. Ideias boas e más. Frequentemente más. Melhor: inquietantes. Arrepia-me sentir aquele vento característico. Aquele vento que é capaz de me atravessar a pele, os músculos, os ossos. Aquele vento que traz com ele aquele cheiro inconfundível a maresia. E que volta a sair. Vai mas não leva com ele os meus fantasmas. Nem ele nem as ondas que antes vinham e que agora se afastam para longe da minha vista. Já sei que o melhor não é esperar que algum destes agentes me ajude a levá-los. Sei que me devo deixar consumir com estas memórias e com as minhas preocupações. Pelo menos enquanto aqui estiver neste lugar que é de todos mas que acaba por ser tão meu. Não tenho medo da melancolia que se me assola. Deixo-a entrar. Enfrento-a. Custa mas alivia...
Quando aqui estou, parece que tudo o que está nas minhas costas deixa de existir. Sou eu e o mar. E tudo o que ele me dá e tudo o que ele não me tira. Já perdi pessoas aqui. Também já comecei a ganhar algumas neste lugar. Tive até o prazer de destruir outras num pequeno canto algures por perto. Será sempre algo demasiado simbólico para que me seja indiferente. Há quem diga que é um cenário perfeito, daqueles de quadros pintados com as mais bonitas cores. Eu não o vejo assim. Vejo-o de cores escuras, abafadas, presas. Um cenário demasiado deprimente. Demasiado revivalista. Odeio-o por gostar dele. Evito-o por precisar dele...
Ao fundo um barco passa no horizonte... Corta-o como me corta neste instante o rodopio que me invade a cabeça. Por hoje chega. Levanto-me e dirijo-me para o mundo nas minhas costas.
Quando aqui estou, parece que tudo o que está nas minhas costas deixa de existir. Sou eu e o mar. E tudo o que ele me dá e tudo o que ele não me tira. Já perdi pessoas aqui. Também já comecei a ganhar algumas neste lugar. Tive até o prazer de destruir outras num pequeno canto algures por perto. Será sempre algo demasiado simbólico para que me seja indiferente. Há quem diga que é um cenário perfeito, daqueles de quadros pintados com as mais bonitas cores. Eu não o vejo assim. Vejo-o de cores escuras, abafadas, presas. Um cenário demasiado deprimente. Demasiado revivalista. Odeio-o por gostar dele. Evito-o por precisar dele...
Ao fundo um barco passa no horizonte... Corta-o como me corta neste instante o rodopio que me invade a cabeça. Por hoje chega. Levanto-me e dirijo-me para o mundo nas minhas costas.
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