Este é o meu Atlas.O meu Atlas Deus que carrega o meu mundo. O meu Atlas que sofre por sonhos. O meu Atlas que, mesmo sofrendo por vezes, é feliz por sonhar.
terça-feira, março 27, 2007
terça-feira, março 20, 2007
Inferno
Fervo de raiva as lágrimas salgadas que choro cada dia, há já algum tempo. Cheira a queimado, a sangue, a dor. A incongruência e incredibilidade. É com certeza castigo grave. Ferros cravados na minha carne. Nos meus sentimentos. Amputação de crenças ou vontades de acreditar. Isto é somente o preço a pagar por quem escolhe seguir os seus princípios mais nobres e morrer com eles. Sou assim. E sei que não presto. Nem para mim e muito menos para os outros.
Sou como uma cana verde. Dobra, verga, contorce-se. Mas não quebra. Só parte quando está seca, velha, chupada de todo o seu interior. Vazia. Morta. Podre. Preciso de um sopro gélido que me petrifique e me destrua o resto do que ainda tenho. Do nada que nunca vou perder.
Por favor, quero estar sozinho. Só sei estar sozinho. Deixem que o meu fogo me consuma e me aniquile. Quero não ser eu. Quero não ser isto. Quero ser... não sei. Anseio por sonhos, ilusões. Parvoíces. Edifícios sólidos feitos de cartas que ruem cinicamente a meus pés. Para que sirvo? Digam-me. Diz-me. Não tenhas medo. Quero ouvir-te gritá-lo na minha cara. Quero que digas "zero", "vazio", "nada". Ou simplesmente olha-me nos olhos e não digas uma única palavra.
Não quero desaparecer ou morrer. Quero vaguear. Ao sabor da vontade de algo que sempre me transcende. Quero sentir o impacto com que essa punição me arremessa brutalmente contra as paredes e me desfaz cada pedaço de esperança e felicidade. Quero ver o pó que resta de tudo isso. De mim. Quero uma borracha para te apagar e para me esborratar. Quero perder a lucidez. E a nitidez. Para que nos lembremos sempre de nos esquecer.
Sou como uma cana verde. Dobra, verga, contorce-se. Mas não quebra. Só parte quando está seca, velha, chupada de todo o seu interior. Vazia. Morta. Podre. Preciso de um sopro gélido que me petrifique e me destrua o resto do que ainda tenho. Do nada que nunca vou perder.
Por favor, quero estar sozinho. Só sei estar sozinho. Deixem que o meu fogo me consuma e me aniquile. Quero não ser eu. Quero não ser isto. Quero ser... não sei. Anseio por sonhos, ilusões. Parvoíces. Edifícios sólidos feitos de cartas que ruem cinicamente a meus pés. Para que sirvo? Digam-me. Diz-me. Não tenhas medo. Quero ouvir-te gritá-lo na minha cara. Quero que digas "zero", "vazio", "nada". Ou simplesmente olha-me nos olhos e não digas uma única palavra.
Não quero desaparecer ou morrer. Quero vaguear. Ao sabor da vontade de algo que sempre me transcende. Quero sentir o impacto com que essa punição me arremessa brutalmente contra as paredes e me desfaz cada pedaço de esperança e felicidade. Quero ver o pó que resta de tudo isso. De mim. Quero uma borracha para te apagar e para me esborratar. Quero perder a lucidez. E a nitidez. Para que nos lembremos sempre de nos esquecer.
domingo, março 18, 2007
Porque
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
Sophia de Mello Breyner Andresen
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não."
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, março 17, 2007
Renascimento
Há já alguns anos que estava morto. Morto, decomposto e muito bem enterrado. Todos à sua volta tinham já partido para outra vida em que ele não existia. E estava tudo bem... Até tu, com poderes que nunca te deveriam ter sido concedidos, o resgatares de novo à vida. Qual foi a tua necessidade? Porque o fizeste? Era tudo tão certo e tão directo. Não tinhas razão para complicar tudo, baralhar e dar de novo. Tinhas o ás e agora saiu-te o duque. Tu procuraste, tu quiseste, tu conquistaste.
Bem-vindo de novo ao imaginário de todos nós. Que a viagem do teu funeral e da tua campa tenham sido boas. Já tínhamos saudades. Saudades de te ver de novo em acção. A fazeres aquilo que poucos sabem. Bem-haja ao teu renascimento.
Bem-vindo de novo ao imaginário de todos nós. Que a viagem do teu funeral e da tua campa tenham sido boas. Já tínhamos saudades. Saudades de te ver de novo em acção. A fazeres aquilo que poucos sabem. Bem-haja ao teu renascimento.
quinta-feira, março 15, 2007
Factor casa
Sei perfeitamente quais são as minhas acções e as minhas escolhas que não me fazem ganhar as pessoas. Que me fazem perder essas pessoas para outras. Sei que perco oportunidades de criar relações. Oportunidades que surgem em terrenos que não são meus. Em terrenos que não sei pisar. Onde pisar. É quase como jogar sempre fora. Com um público que não é nosso. Pena que só consiga jogar em casa. Onde os outros também não sabem jogar. Onde os outros também não entram. Onde os outros não serão capazes de esperar. Esperar por mim.
quarta-feira, março 14, 2007
Comboio
Estou perdido e enganado. Vejo-me numa enorme estação de comboios, com um número incapaz de ser contado de carris a partir numa quantidade ainda maior de direcções. Olho para um placard e só consigo vislumbrar luzes vermelhas a acender e a apagar numa ordem síncrona que para mim é completamente desconexa. Não me resta outra escolha que não confiar no meu instinto. Fecho os olhos, rodo sobre mim mesmo e dirijo-me à primeira máquina que se me assoma. Entro na primeira carruagem que me acolhe. Sento-me no primeiro banco que me acena. De repente oiço o pesado fechar de sentença atrás de mim. E sigo caminho. Naquele comboio, naquela carruagem, naquele lugar.
Merda! MERDA, MERDA, MERDA!!! Enganei-me... Este não é o meu lugar. Esta não é a minha carruagem. E pior: este não é o meu comboio. Raios partam o meu instinto. Raios partam os meus sentimentos que tão estupidamente sempre falham. Agora viajo para um destino que desconheço... mas que não é meu.
Merda! MERDA, MERDA, MERDA!!! Enganei-me... Este não é o meu lugar. Esta não é a minha carruagem. E pior: este não é o meu comboio. Raios partam o meu instinto. Raios partam os meus sentimentos que tão estupidamente sempre falham. Agora viajo para um destino que desconheço... mas que não é meu.
domingo, março 11, 2007
Resignado
Gostava tanto que me desses sinceridade. Quer dizer... Isso se calhar já tu me dás, apesar de não ser aquela que eu queria. Tudo bem. Eu aceito, mas resignado. Se já me dás isto, quero então que me dês igualdade. Se te der um, quero que me dês um também. Não preciso de dois. Só um. Dás? Não acredito. Por mais que digas que o fazes e que o farás sempre, a realidade é que não te foi concedida essa capacidade, no que a mim diz respeito. Se calhar o melhor é mesmo não pedir nada. E aceitar. Resignado.
quarta-feira, março 07, 2007
Vidros
Custa-me que os meus espelhos não me devolvam o reflexo do meu semblante triste, o aperto do meu coração e o brilho das minhas lágrimas. Em vez disso, mostram-me alegrias, festas e gargalhadas. Tudo coisas que não são minhas.
Os meus espelhos não são espelhos. São vidros.
Os meus espelhos não são espelhos. São vidros.
terça-feira, março 06, 2007
Sonho
Era uma vez, num sítio que não interessa agora para o assunto, ...
Mas para que é que eu estou aqui a escrever isto? Nunca vai acontecer.
Mas para que é que eu estou aqui a escrever isto? Nunca vai acontecer.
Completo
A desvantagem dos puzzles é terem um número fixo de peças, pré-definido desde o início da sua criação. Realmente, não é de todo estético ver um rectângulo perfeito com uma peça emplastra colada de lado... É por isso que quando os puzzles estão completos, já mais nada lá entra. Mesmo que exista uma peça que tivesse a forma perfeita para encaixar num lugar do conjunto... já ocupado.
Azares de quem chega atrasado... Problema de não existirem lugares marcados (ou talvez não)... Preocupações das peças soltas... Indiferenças dos puzzles cheios...
Azares de quem chega atrasado... Problema de não existirem lugares marcados (ou talvez não)... Preocupações das peças soltas... Indiferenças dos puzzles cheios...
sábado, março 03, 2007
Mereceram
Às vezes penso nas pessoas que magoei intencionalmente. Aquelas a quem um dia eu decidi fazer pagar na mesma moeda ou talvez numa um pouco mais cara. Recordo e tenho vontade de voltar atrás. Regressar ao passado e poder alterar o que fiz na altura. E hoje sei que faria quase tudo de maneira diferente. Desta vez, juro que as pisaria com muito mais força e requinte. Que as torceria mais minuciosa e totalmente. Que as faria agonizar nem que fosse por um mero e efémero segundo a mais. Magoei-vos de plena consciência e se estou arrependido de algo, é de não o poder ter feito mais cedo ou de um modo bem pior. Mereceram.
Subscrever:
Mensagens (Atom)