Os amigos são como a morte. Matam-nos sem aviso. Chegam calma e capitalmente sem nos apercebermos. Entram na nossa cama, na nossa casa. Na nossa vida. Tantas vezes sem permissão. Quase sempre sem autorização. Nunca com aviso prévio. Vêm de graça, oferecidos e cobertos de veneno. Prendas madrastas. Emocionantemente vazias ou então não. Ou então repletas de aventuras decorrentes das desventuras que nos causam. Vultos despidos de coração que movimente o sangue que não têm. Brancos de cal e de frio que apaga sempre, a qualquer instante, qualquer sopro quente que se ouse levantar. Estranhos que à força nos forçam a deixá-los consumir a nossa existência. A roer os nossos actos. A matarmo-nos de dentro para fora. Só porque os deixámos chegar. Só porque não podíamos evitar que chegassem. Só porque os amigos são a morte de todos os nossos dias. Aquela que nos molesta indefinidamente. E infinitamente. E que dói mais que a original, que só vem uma vez. E no fim.
1 comentário:
Excepto quando se tem o prazer de conhecer a outra face da moeda...
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