Não és de papéis principais. Falta-te estampa para isso (tanta!). Preferes estar por detrás do pano, a comandar os fiozinhos de todas as marionetas que se mexem alegremente num palco que tu controlas. Sei que não o fazes por medo ou vergonha. Muito menos por parecer que o fazes pela calada. Todos sabem onde estás e o que fazes e os que vão noutras conversas só podem ser parvos por pensarem que aqueles bonecos articulados têm vida própria e movimentos auto-voluntários. Tolos! Cada milímetro de acção é o reflexo da contracção dos teus dedos, ao teu sabor. Ao sabor do que tu queres e do que te apetece.
Se o céu existe, certamente não tens lugar reservado ou cativo para ti. Não precisas dizer que não te importas muito. Já ouvi as tuas crenças de que tal lugar não existe, mas sim simplesmente um único outro mundo do outro lado. Já conheço a tua opinião em relação ao porquê de assim seres. Sim, és mau quando precisas. Tens uma memória grande. Gostas de dar a tua justiça às coisas. Chamem-lhe vingança se quiserem. Porque é que não mudas ou te moderas? Pergunta estúpida...
Pé ante pé, lá dança a marioneta. Tão bonita que é. Tão bem e graciosamente se mostra... Ups! Parece que tropeçou. Parece que lhe faltou um fio. Parece que foi de propósito.
Se calhar foi mesmo.
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