domingo, maio 06, 2007

Cruzamento

Não há dia que eu não acorde e não me depare com este dilema na minha cabeça. Vejo-me numa estrada imensa que vai em frente. A dada altura sinto e sei que tenho que escolher um de dois caminhos. Ambos vão em frente, embora um deles recorra a um pequeno desvio inicial. O problema é que se estendem os dois demasiadamente para o infinito, impossibilitando-me de ver todas as suas pernas e as suas paragens finais. Há dias em que penso seguir um, outros em que quero fazer o contrário.
Já pedi ajuda a quem me poderia ajudar. Só vejo bocas a abrirem e a articularem silêncio. Aquele silêncio irritante e brutal. Só vejo corpos a tomarem a iniciativa de virarem as costas. Costas enormes e cruelmente opacas. Talvez estas desajudas sejam as ajudas de que eu estou à procura. Talvez o problema seja só o eu não acreditar nelas e pensar que um dia ainda me vai cair um sinal de sentido obrigatório para o outro lado.
Simplesmente não sei o que fazer. Simplesmente não sei por onde ir. E o cruzamento está cada vez mais perto. É já ali ao virar do dia.

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